A História da Música: Custódia Saudades e Lembranças - por Plínio Fabrício



No ano de 2015, precisei viajar para Recife para me tratar de fortes dores de cabeça. Recordo-me que estava muito doente na época e era necessária aquela viajem. Viajei com um sentimento de saudade e preocupação. Passava um filme na minha cabeça, dos momentos que vivi na Rua da Várzea, onde eu cresci. 

Para mim, o mundo girava naquele lugar. Carnaval, São João, era lá, onde tudo acontecia. Ao entrar na (Van), no banco de trás que sentei, encontrei um pedacinho de papel rasgado e amassado da bandeira de Custódia. Fiquei com ela na mão e a saudade apertou, antes mesmo de sair dos limites da cidade. 

Então veio a primeira frase; "Um taco do sertão do meu Brasil". Na cabeça a frase, na mão o taco de papel e no coração a saudade. 

Então, peguei o celular e comecei a gravar o poema. "Menina dos olhos de Pernambuco", frase que sempre ouvia do meu professor Dr. Pedro Pereira. 

"Não sei ao certo qual a tua origem", existem duas versões que deram origem ao nome Custódia. 

"Berço, minha mãe gentil", lugar onde nasci e cresci. Formando assim a primeira estrofe na composição de versos decassílabos, no sentido mais poético do que histórico. 

A parte histórica começa na segunda estrofe, "Terra onde pisou Lampião", Lampião e seus cangaceiros estiveram por várias vezes de passagem no Riacho do Gado, próximo a serra de João Dias. 

"Seu Jorge no rastro da chinela", seu Jorge foi meu meu vizinho e amigo do meu avô. Foi soldado da volante que perseguiu Lampião. Ficava encantado com as conversas e sentava quietinho ao lado do meu avô, imaginando aquelas histórias. 

"Dos poemas de Sevy me lembrei", fazia pouco tempo que havia lido um poema de Sevy em um Blog aqui da cidade.

"Com tia Ceiça, minha primeira lição", minha primeira professora do ensino público, isso marcou bastante minha vida. Também poderia citar; tia Cecy Rafael, tia Marlene Feitosa, tia Leônia Simóes, tia Lindinalva Almeida, minha mãe, sem elas não estaria aqui escrevendo! 

"De seu Florêncio os tiros de bacamarte, a festejar as noites de São João", meu vizinho, amigo do meu avô, pois o mundo girava naquela rua da várzea. 

"Devoto de Padim Pade Ciço", santo tradicional do sertão. 

"Com mestre Lunga aprendi um montão", ah mestre Lunga! O meu avô, a minha vida! Com ele aprendi tanta coisa. Uma coisa ele sempre me pediu, fazer as coisas com amor. Rígido, mas amoroso, reclamava que eu tocava violão muito ruim. Seguindo o seu conselho esforcei-me para aprender violão, mas não deu tempo ele escutar que havia aprendido pois, Deus precisou dele. 

O Refrão "Custódia prendi meu coração", "Saudade dos meus tempos de menino" , "Das feiras do Parque de Adamastor", Parque esse feito de madeira onde eu brinquei muito nas festas tradicionais da cidade. 

"Das missas celebradas aos domingos", "Do doce cheiro da Tambaú, Fábrica de Doces, Orgulho da nossa cidade. "Em Zé das máquinas um bom filme eu vi lá". Aqui entra a figura da minha mãe na música.

Voltei do Recife após 23 dias e trouxe a música, mas queria mais informações das pessoas que se destacaram ao longo da história. 

Pedi a mainha que escrevesse os personagens e as suas respetivas histórias e assim ela fez. Aí foi um quebra-cabeças para rimar nomes próprios para formação dos versos, mas fui tentando. 

Ao som dos "Ardentes eu dancei", Banda baile tradicional da cidade nas décadas de 60 e 70. 

"Com Neta Gois conheci o bê a bá'', professora de bastante referência da nossa terra. 

"Terra de Ernesto Queiroz" Prefeito no ano de (1939 à 1944/1947 à 1951/1959 à 1963). 

"Terra do Mito Luizito", prefeito nos anos de (1977 à 1983/1993 à 1995). 

"Em seu Domingos na Casa Góis em comprei; um candeeiro, uma viola e um brinco", Seu Domingos um dos primeiros comerciantes de Custódia e fundador da Casa Góis. 

"O brinco eu dei ao meu amor, o sanfoneiro a luz de um candeeiro, a minha viola a lua quem contemplou e a saudade aqui dentro do peito" versos poéticos, completando assim a segunda estrofe. 

"Pra onde voou Carcará, pássaro típico do sertão, "De onde surgiu o Cariri, Era um bloco carnavalesco que saia no sábado de carnaval, após o Zé Pereira. 

"Nos carnavais seu Joventino a brincar, no mela-mela ao banho de chafariz", na rua da várzea existia o chafariz, onde, a população brincava o carnaval e o seu Joventino, era um desses foliões que marcaram aquelas festividades. 

"Torrão do Padroeiro José, São José o Santo Padroeiro de Custódia. 

"Do Ilustre Orlando Ferraz" Dr Orlando, médico e de família tradicional e um dos primeiros médicos a exercer a função. 

"Totonho, Osórío e Zé Florêncio, figuras ilustres, também de família tradicional, sendo Zé Florêncio prefeito em (1963 à 1964). 

"Do enfermeiro Antônio do posto um ás, Antônio do posto, enfermeiro de grande conhecimento na área. 

"Zé Caboclo nessas bandas tocou, de Luiz Gonzaga a Triste Partida, no coração a saudade ficou, de lembranças da minha terra querida", Uma das estrofes mais importantes da música, nela encontra-se na sua poesia o título que dá origem a canção (Custódia, Saudades e Lembranças). 

"Como poderia esquecer, das oratórias de Dr Pedro, do meu vizinho Luiz Amaral, de Gerson Pinto e Sílvio Carneiro (Prefeito de 1969 à 1973), Anfilófio e seu Chico Eugênio, ilustres filhos Custódia é o berço". Ilustres filhos que se destacaram, para o crescimento e desenvolvimento da nossa querida Custódia.

Por Plínio Fabrício.


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4 Comentários

Unknown disse…
Estou encantada com a escrita de Plínio ! Sou sua fã meu querido ! E muito obrigada por esse presente escrito por você !
Unknown disse…
Música linda Plínio ! Abraço .
O poeta Plínio Fabrício é uma das melhores descobertas dos últimos tempos para a cultura Custodiense! Um artista completíssimo, Artesã, Artista Plástico, Cantor, Compositor, Ator, e Músico. Pena que assim como o nosso" Almir Melo", Não tem o reconhecimento necessário do nosso município, Talvez saindo para grande centro encontre o reconhecimento que merece.