A barraca de Zé de Arnô (anos 70)



Paródia 1 : À la recherche du temps perdu

Cena 1: A barraca de Zé de Arnô (anos 70)

Menino lá das bandas do Umbuzeiro, perto do Soares se não me engano. Depois de ter “sido dado pra criar” retornava da roça para a rua.

A primeira morada foi ali na Rua do Rio, perto do prédio da rádio comandada por “ZÉ MELO” e do Centro Lítero Recreativo de Custódia “CLRC” na Rua da Várzea. Mas isso foi antes da mudança para a Fraga Rocha ali nas cercanias da bodega de “SEU NEZINHO” e mercearia de “CHICO”, homem de baixa estatura, mas gigante de coração.

Nessa época o politicamente incorreto reinava às escâncaras sem, no entanto, trazer consigo a marca da crueldade própria do atual bullying na linguagem estrangeirada. 

Apenas uma limitação vocabular dos habitantes para definir de forma literal o que a vista alcançava.

Era o primeiro Natal já de menino que ainda não vestia calça, porque isso só pra gente grande. Mas mesmo assim, ganhou de presente um sapato cavalo de aço e uma calça boca de sino acompanhado com uma faixa para colocar à cabeça com as cores americanas “do norte”, of course, pois era o auge de influência estadunindense sobre um regime que hoje insistem dizer que não foi ditadura. Mas para uma criança isso em nada desbotava o novo mundo que descobria, pois vivia longe dos efeitos dessas pantominas políticas. Acho até que a maior parte dos adultos. Por medo claro.

O que mais encantou àquela criança naquele natal foi o movimento instalado na praça principal, coalhada de pés de algaroba e banco de cimento rodeados de canteiros sem flores ou vegetação. Terra batida mesmo e uma calçada que se usava para “arrodear” à noite depois da missa e os mais velhos paquerar muito.

Tergiverso. É o período de Natal que importa.

Movimento parecido com praça de alimentação de shopping, agora eu vejo, com as barracas para os homens da cidade poderem ouvir música e encherem a cara durante o dia e à noite, sob a eterna vigilância de um “SABAZINHO” que àquela altura era uma referência dos jovens enquanto para ele, criança, era um mimoso quadrado menos um bar e tornado uma mercearia sob a administração do maior intérprete de Nelson Gonçalves da cidade: João Amaral.

E sob essa a eterna vigilância do “SABAZINHO”, não havia barraca melhor para ouvir as músicas de sucesso da época do que a de “ZÉ DE ARNÔ” (assim mesmo ARNÔ e não ARNOUD, sem afrancesamento, porque quem vencia a guerra cultural de então era a gloriosa américa do norte e sua aliança para o progresso. Apesar que desconfio que o ARNÔ fosse uma corruptela de ARNÓBIO).

Ah que dias eternos aqueles!!!!!. Menino curioso a olhar os jovens e homens inteligentes de Custódia sentados na barraca de “ZÉ DE ARNÔ” a se empanturrar de cachaça e cerveja, esperando o tempo passar para depois das festas poderem voltar a beber no “PONTO CERTO”, outro bar memorável sob a gestão de “DETA”. 

Mas isso só tinha graça depois de passado o Natal, porque naquela semana o reinado absoluto era de “ZÉ DE ARNÔ”.

Por Um Custodiense....

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5 Comentários

Jussara Burgos disse…
Também vivi nessa época e tenho gravado no meu coração essa Custódia . Gostei do seu texto e lamento você não ter se identificado pois somos farinha do saco rsrsrs. Mas o que importa mesmo é sua participação. Um abraço dessa sua irmã sertaneja
Cliente! disse…
Justa homenagem e uma excelente recordação. Além disso, Zé de Arnou, tinha uma visão empresarial para época bem vultosa.
Ainda era criança, mas tenho viva em.minha memória a barraca de Ze de Arnor. Lembro até do repertório musical ( Feveres) que lá tocava.
Muito bem lembrado, parabéns pela homenagem.
Anônimo disse…
Se não me engano, Zé de Arnô foi o primeiro comerciante a instalar barraca de bebida nas festividades de Custódia. Anteriormente, só lembro da barraca de bolos de dona Aurora, e das pequenas barracas que vendiam pequenas refeições: doce em calda, refresco, café, bolo, etc. Isso sem contar as mesas de jogos espalhadas pela praça: Roleta, esplandim, maior ponto, etc., tiro ao alvo com espingardas de pressão, os famosos "pega trouxas", que eram os espertalhões que apresentavam uma série de jogos do "essa perde, essa ganha", enfim, uma variedade enorme de atrativos para aqueles dias de festas.
Lamento e comento com pesar não ter vivido esta época da minha cidade.Já tinha ganhado o mundo em busca do imponderável.
Fernando Florencio
Ilheus\Ba